São os Evangelhos Gnósticos úteis?
Já que O Evangelho de Tomé e, por extensão, os outros evangelhos gnósticos, claramente não são canônicos, o Cristão consciente deve se perguntar em seguida que tipo de posição esses evangelhos devem receber pelo corpo da igreja. São eles, como os livros apócrifos, tal como o Pastor de Hermas, úteis para fins éticos e devocionais? Tendo em conta o evidente conflito visto em qualquer comparação significativa entre os ditos dispersos encontrados nos evangelhos gnósticos e os temas consistentes dos ensinamentos de Jesus nos evangelhos do Novo Testamento, é duvidoso que qualquer uso possa ser encontrado nos primeiros. Dois exemplos devem ser suficientes para ilustrar a natureza desses conflitos. Primeiro, o dito final no Evangelho de Tomé é decididamente misógino:
Simão Pedro disse: "Seja Maria afastada de nós, porque as mulheres não são dignas da vida."
Respondeu Jesus: "Eis que eu a atrairei, para que ela se torne homem, de modo que também ela venha a ser um espírito vivente, semelhante a vós homens. Porque toda a mulher que se fizer homem entrará no Reino dos céus."
Compare isso com as interações frequentes e respeitosas de Jesus com as mulheres de sua época, como a Samaritana junto ao poço (João 4:6-26), e torna-se claro que esta é uma diferença irreconciliável no ensino. Ensinamentos igualmente bizarros são encontrados no Evangelho de Filipe, no qual Jesus supostamente "amou-a mais do que [todos] os discípulos, e costumava beijá-la (com frequência) na [boca]."1 Este evangelho gnóstico data a um tempo muito depois das mais recentes estimativas para os evangelhos canônicos, e simplesmente não combina com a imagem de Jesus neles encontrada -- razão suficiente para rejeitar Filipe como sendo ilegítimo. 2
Evangelhos Gnósticos – A Conclusão
Até mesmo uma breve análise da opinião popular erudita em relação aos evangelhos gnósticos e do Novo Testamento revela um certo duplo padrão. Parece que no caso dos evangelhos canônicos, especialmente no de João, autoria e integridade são concedidas a contragosto, se é que de fato são concedidas. Assume-se que a variação do estilo literário e/ou seletividade na informação excluem qualquer possibilidade de confiabilidade. Por outro lado, os evangelhos como os descobertos em Nag Hammadi – evangelhos gnósticos mais recentes, menos comprovados e com menor consistência interna – são tratados com a maior benevolência. Atribuições pseudoepígrafas não causam nenhum dano à credibilidade e qualquer conflito com a literatura canônica é entendida como uma revelação de uma fonte anterior e mais autêntica. Esperamos que um tratamento justo destas questões tenha fornecido aos leitores toda razão para acreditar que as Escrituras que seguram em suas mãos completamente constituem uma revelação especial de Deus.
Direito Autoral © 2002-2021 AllAboutReligion.org, Todos os Direitos Reservados